Zygmunt Bauman e as Memórias de um Sonho Colectivo: Construção do Estado-Nação em Moçambique e a Modernidade Líquida
Por Curtis Chincuinha Para início de conversa, Bauman (2000) define a modernidade líquida como uma condição em que "as formas sociais e institucionais não conseguem mais manter a sua forma por muito tempo, porque se decompõem e se reformam mais rapidamente do que o tempo necessário para moldá-las" (p. 2). Este conceito descreve um mundo em constante mudança, onde as incertezas e a fluidez caracterizam as relações sociais, económicas e políticas, impondo desafios significativos para a criação de projectos sólidos e duradouros, como o Estado-Nação. No contexto moçambicano, esses desafios tornam-se ainda mais complexos. De acordo com Melo et al. (2022), a concepção de Estado-Nação, promovida pelo presidente Samora Machel, emergiu como o ponto culminante da unidade do povo moçambicano durante a II Conferência do Departamento da Educação e Cultura em 1973. Machel visualizava a formação de uma nação coesa e robusta, superando as divisões étnicas, linguísticas, religiosas e culturai...